Lembro-me tão bem de desejar ser como ela. Lembro-me de passar horas a ver as suas fotos. Ela é realmente bonita! Aqueles olhos castanhos esverdeados de que eu tanto gosto. Dizia-lhe muitas vezes que um dos meus grandes desejos era ter um cabelo como o dela... oh, mas que cabelo! Aqueles caracóis tão bonitos. Não, ela não tem aquele cabelo encaracolado com aqueles cachos perfeitos. O dela é mais bonito. É um intermédio do ondulado com o cacheado perfeito. A sua postura sempre elegante. Como eu desejava ser como ela! Tinha a família perfeita... Não era magra, nem gorda. Tinha umas curvas maravilhosas. Tinha uma postura bonita e agradável. Os lábios bem definidos, como eu sempre desejara ter. A cara parecia de boneca. As unhas sempre muito bem arranjadas. Sempre com um verniz claro. Ou então vermelho. Mas era muito raro. Não gostava de dar nas vistas. As suas roupas sempre muito simples e suaves. Gostava muito de usar jeans com uma t-shirt e vans. Como vêm simples. Não usava maquilhagem. Era inútil. A sua voz era muito suave. Uma melodia. Tinha um gosto particular pela escrita, pelo ballet e pela ciência. Lembro-me das longas conversas que tinhamos em que ela cismava que eu deveria ter continuado a dançar. Nisto eramos parecidas. Os gostos não variavam. Dançava como eu (parecia uma pena, confesso que sempre achei que o fazia melhor que eu). A ciência também sempre me fascinou. Como a ela... mas ela prosseguiu e foi para o curso de ciências... eu fiquei-me com as Humanidades. No princípio tinha medo de me arrepender, confesso, mas agora não. Agora estou certa de que estou no melhor caminho. Mas... até na escrita ela era melhor que eu... as suas palavras transmitiam uma suavidade que as minhas não eram capazes. Traziam tranquilidade, ao contrário das minhas. Ela era bem melhor que eu... mas havia uma coisa em que eu a superava... na visão do mundo. Ela sempre teve uma visão muito fechada. Sempre foi o seu mundo o mais importante de tudo... Não se dava a novas experiências. Tinha pavor a descobertas, a novidades. Eu não. Sempre tive os meus objectivos melhores traçados. Sabia o que queria. Sabia que por msis obstáculos que a vida nos desse devíamos continuar a lutar. Ela não. Desistia com muita facilidade. Nestes aspectos eu superava-a e de que maneira!
Os meses foram-se passando... e com eles eu também mudei. Deixei de ser aquela míuda que queria ser como a outra. Comecei a olhar mais por mim. Sim, é verdade que ainda a continuo a admirar. Mas agora também é diferente. Ela também cresceu... Mas eu habituei-me a mim. Não posso mudar o que sou. E apesar de ser teimosa que se farta, orgulhosa e, por vezes, egoísta, apesar de ser a mesma resmungona e mal-disposta de sempre, eu.. eu não posso mudar o que sou. E foi por isso que aprendi a gostar mais de mim. Ainda não gosto como deve ser, é verdade, mas também não se pode querer tudo de uma só vez, e eu sei que com o tempo isso se vai compor. Ela não não é perfeita. E eu muito menos. Era era bonita sim... mas, eu tinha a vantagem de estar mais preparada para o Mundo. De que lhe servia a beleza se era insegura? Nada, absolutamente nada. E em relação a isso... eu era superior, muito superior...

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